
Mas não se parta dessas eventuais deficiências para o ataque feroz que tem vindo a ser feito à nossa magistratura e a todo o poder judicial em si, que considero ser dos pilares mais sérios, mais seguros, mais sólidos da sociedade portuguesa. Em termos de justiça material, em termos de defesa dos direitos dos cidadãos, em termos de defesa da própria sociedade, em termos de seriedade dos próprios agentes, das próprias pessoas, que outro sector, actividade ou profissão lhe leva a melhor?
Quem tem as grandes fortunas feitas à pressa em Portugal? São os magistrados? Quem anda para aí de ostentação em ostentação, são os magistrados? Quem aparece por aí envolvido nos interesses confinantes com o dinheiro fácil, são os magistrados? Trabalham pouco, é isso? Têm mais férias que os outros, é isso? E então não vem ninguém dizer que tudo isso é uma mentira e uma farsa porque são exactamente eles das classes que mais trabalham, que levam para casa processos e mais processos em cujo estudo esgotam grande parte dos serões, enquanto que outros, bem estimados e melhor parecidos, passam esses mesmos serões em casas de alterne no norte do país ou nas bancas do Casino, desgraçando centenas de famílias que, aqui mesmo em Coimbra, sofrem em silêncio a amargura de uma vida destruída por esses cultores da vida fácil?
Farão as pessoas a mínima ideia do trabalho que dará a um magistrado, em termos de estudo, de análise, de ponderação, de reflexão, de apelo aos mais profundos sentimentos de Justiça, de respeito pelas exigências processuais, um processo que, por pequeno que seja, mexe sempre com os sentimentos mais profundos das partes envolvidas?
E naqueles processos onde estão em causa valores essenciais da vida?
Pensará alguém que mandar para a cadeia uma qualquer pessoa 10 ou 11 anos é tarefa fácil? Será fácil naquele emaranhado todo do diz um diz outro encontrar o fiel da balança que lhes indique a decisão justa?
Eu sei. Todos o pressentimos. A uma classe política destas, dominada por grupos da quinta linha, uma classe política destas à solta pelo afastamento dos melhores, alguns destes dando o seu melhor nas autarquias deste país, em verdadeiro espírito de missão, a uma classe política destas, dizia, não interessa um poder judicial forte, prestigiado e independente. Querem gente submissa. A quem se possa encomendar as decisões. Recomendar fechar os olhos. Andar depressa neste caso e devagarinho naquele. É assim que muita gente gostaria que fosse. Mas por enquanto ainda não é. E duvido que os seus detractores venham a ter êxito, sem com isto por em causa a seriedade de muitas críticas e de muito boa gente que as faz.
Eu sei. Todos o pressentimos. A uma classe política destas, dominada por grupos da quinta linha, uma classe política destas à solta pelo afastamento dos melhores, alguns destes dando o seu melhor nas autarquias deste país, em verdadeiro espírito de missão, a uma classe política destas, dizia, não interessa um poder judicial forte, prestigiado e independente. Querem gente submissa. A quem se possa encomendar as decisões. Recomendar fechar os olhos. Andar depressa neste caso e devagarinho naquele. É assim que muita gente gostaria que fosse. Mas por enquanto ainda não é. E duvido que os seus detractores venham a ter êxito, sem com isto por em causa a seriedade de muitas críticas e de muito boa gente que as faz.
Mas à boleia disso há muita outra coisa. Todos o sabemos. Claro. A Maria José Morgado, que quando na Judiciária mexeu em tanta porcaria, é uma tola desbocada. Afasta-se e desacredita-se. É uma ex-MRPP que nunca arrepiou caminho. Pudera. Já viram até onde ela poderia ir? Então, para evitar histórias arruma-se. Encosta-se e faz uns despachos em processos inócuos.
O Santos Cabral? Um dos mais novos conselheiros de sempre em Portugal? Um dos mais prestigiados magistrados do país? Claro. Não tinha nada que falar. E se não tinha dinheiro para caçar com cão que caçasse com gato. Mas mesmo com gato viram que foi sob a sua direcção que melhor trabalho se fez na Judiciária nos últimos anos? Mas viram também que mal ele virou costas, apareceu logo dinheiro? Claro. Estes Santos Cabrais não interessam nada à essa oligarquia política que tem vindo a destruir este país, subjugando-se aos grandes interesses financeiros, onde só estorvam uma Polícia Judiciária activa e um poder judicial forte».
LINO VINHAL, IN CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS